Cair
da noite- Isaac Asimov
Isaac Asimov (1920-1992), nascido na Rússia, foi
escritor e bioquímico, um autor de obras de ficção científica. Grande parte das
suas obras apresenta uma visão do futuro do Homem e dos muitos problemas que os
avanços tecnológicos e a conquista do espaço vieram colocar ao ser humano.
Assim, mais do que contar uma história de ficção científica, Asimov pretendia
alcançar o leitor através da discussão de temas crucias com que o Homem se
depara, usando os seus fantásticos contos. Nas suas histórias integra termos
simples e acessíveis que permita o leitor a dinâmica do conto e a sua
finalidade.
No livro Cair
da Noite, publicado no ano de 1941, o autor faz referência ao Dia do Juízo
Final, segundo as Sagradas Escrituras. Neste conto o Homem apresenta-se incapaz
de compreender o Universo e toda a sua complexidade. No entanto, ele não se
deixa abater por este desconhecimento, por isso a desgraça abaterá sobre ele,
mostrando a sua inutilidade e insignificância.
Asimov apresenta-nos um mundo chamado Lagash que
orbita à volta de seis sóis e que no ano 2049 ainda não conheceu a escuridão.
Nesta história existem duas rivalidades: os cientistas que afirmam não ser
possível chegar o dia que não haverá nenhum astro no céu e os Apóstolos de
Fogo, uma organização religiosa, que defendem que tal dia chegará e que toda a
humanidade será julgada pelas suas más ações. Segundo os apóstolos, cabe aos
homens provar aos deuses que merecem viver, evitando assim o juízo final. A
dada altura, os cientistas- Athor 77, Siferra 89, Beenay 25 e Sheerin 501-juntamente com
o jornalista Theremon 76 tomam consciência de que este dia poderá chegar e que
têm de equacionar possíveis soluções. “A
fase erguida de Aton brilhava, encarnada, sob a sua luz. “Daqui a pouco menos
de quatro horas,” disse ele, “a civilização, tal como nós a entendemos
morrerá.” A explicação científica do temido dia fez crescer a disputa entre
os dois grupos, pois o que era antes um fato místico passou agora a ser um fato
racional, o que nada agradou aos Apóstolos do Fogo.
Todo
o desvendar da história, bem como o seu final, é inesperado. Amisov mostra que
tudo aquilo que conhecemos pode ser posto em causa a qualquer momento,
apercebendo-nos que afinal nada conhecemos. Apesar de todas as rivalidades,
valores, crenças e regras dos homens, quando se conhece momentos de desespero,
o homem é apenas homem e nada pode fazer perante a sua inutilidade e
insignificância. Recomendo vivamente este livro a todos.